Painel Científico para a Amazônia no GSTIC-Rio 2023

Em 14 de fevereiro de 2023, o Painel Científico para a Amazônia (SPA) se apresentou na Conferência G-STIC Rio. Em linha com o tema do G-STIC de acelerar soluções tecnológicas inovadoras para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com foco no clima, os autores do SPA Carlos Nobre, Luciana Gatti, Paulette Bynoe, Jose Marengo e Carlos Young - com moderação da jornalista Daniela Chiaretti - apresentaram a importância da Amazônia para a região e para o mundo, o contexto e o cenário atuais e possíveis soluções para informar a tomada de decisões, inclusive sobre bioeconomia e restauração florestal.

A sessão começou com uma introdução do copresidente do SPA, Carlos Nobre, sobre a urgência das principais recomendações do SPA, seus últimos resumos de políticas e um apelo à comunidade internacional para que apoie as principais recomendações do SPA e invista em ciência e tecnologia na região. Em seguida, Luciana Gatti apresentou o aquecimento observado na Amazônia e detalhes sobre quanto da Amazônia é um sumidouro de carbono e por que essa capacidade está diminuindo. Ela explorou as mudanças de temperatura e precipitação na região e as mudanças nas taxas de fotossíntese, e terminou sua apresentação argumentando que proteger a Amazônia pode ser nossa melhor proteção contra as mudanças climáticas. 

Em seguida, Paulette Bynoe explorou os tópicos de desmatamento e degradação e seus motivadores, ao mesmo tempo em que destacou as soluções para esses problemas. Ela apresentou como o desmatamento variou ao longo do tempo e como isso, juntamente com incêndios e secas, levou à degradação florestal. Ela explicou que a melhor maneira de encontrar soluções é entender os motivadores desses problemas. A apresentação terminou com ela discutindo soluções como a aplicação das leis existentes e a especulação de terras, o fechamento de mercados ilegais, a promoção e o desenvolvimento de sistemas de monitoramento integrados, o desenvolvimento de sistemas de emergência em larga escala e a restrição de concessões de extração de madeira a empresas que empregam técnicas de extração de impacto reduzido.

Jose Marengo apresentou como as mudanças antropogênicas estão afetando o clima da Amazônia, como as mudanças no uso da terra afetaram as estações úmidas e secas e os impactos da hidrologia, usando especificamente os níveis de água do Rio Negro como exemplo. Ele apresentou a ciência por trás dos pontos de inflexão que a Amazônia está enfrentando e por que ultrapassar esses pontos pode ser catastrófico, apresentando três trajetórias possíveis para a floresta. Ele terminou discutindo um artigo recente publicado na Science, liderado pelo autor do SPA David Lapola, sobre os fatores de degradação na Amazônia e como eles amplificam os impactos da mudança climática. 

Carlos Young terminou explorando a bioeconomia na Amazônia e as muitas oportunidades de bioeconomia para apoiar investimentos sustentáveis na região. Ele reiterou uma mensagem-chave do SPA sobre a importância de integrar o conhecimento indígena e local para apoiar os esforços climáticos na região. Ele explorou como a bioeconomia é muito mais do que uma economia, mas também um conjunto de valores ético-normativos sobre a relação entre a sociedade e a natureza e suas consequências. Ele terminou enfatizando como devemos pensar internacionalmente e considerar a Amazônia uma preocupação global. Ele argumentou que "não é o que fazemos, mas como fazemos", dando exemplos de como transformar a extração de madeira e a pesca em atividades sustentáveis. Ele concluiu, repetindo o que Luciana Gatti afirmou, que "a Amazônia é grande e importante demais para cometermos erros" em relação à região. 

Durante as perguntas e respostas, Carlos Nobre falou sobre os desafios da meta do novo governo brasileiro de desmatamento zero, expandindo o impacto da atividade ilegal na Amazônia. Luciana Gatti respondeu a uma pergunta sobre a frequência das medições de sua equipe e como isso ajuda a acompanhar as mudanças nas emissões. Ela falou sobre como as medições no sudeste da Amazônia a preocupam mais porque isso pode transformar essa área em uma fonte de carbono, em vez de um sumidouro de carbono. Em seguida, Paulette Bynoe falou sobre ações transfronteiriças e a importância do compartilhamento de dados, programas regionais em universidades, pesquisas inter-regionais e a importância de promover políticas orientadas pela ciência. Ela também destacou a importância do monitoramento regional e falou sobre programas na Guiana com os quais outros países amazônicos podem aprender.

José Marengo falou sobre a inclusão social na Amazônia e a importância de melhorar a comunicação e a educação integrada com as comunidades indígenas. Carlos Young encerrou as perguntas e respostas repetindo que não se trata do que estamos fazendo, mas de como estamos fazendo. As soluções que já existem na Amazônia precisam ser apoiadas pelo governo e por investimentos, dizendo que "precisamos fornecer os incentivos corretos para as atividades corretas". Carlos Nobre fez as observações finais falando sobre o desmatamento e o impacto da pecuária, comparando as possibilidades de PIB dos produtos potenciais inexplorados na Amazônia. "Vamos usar nossos produtos para ajudar a saúde das pessoas e usar a diversidade da Amazônia para crescer e acessar o resto do mundo. Esse é o nosso desafio como Painel Científico para a Amazônia."

Assista novamente ao evento na página do SPA no YouTube.

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